17 de janeiro de 2010

Construção civil prevê expansão de 8,8% em 2010, diz SindusCon



TATIANA RESENDE
da Folha Online

A construção civil brasileira deve registrar uma expansão de 8,8% no PIB (Produto Interno Bruto) no próximo ano, após o crescimento de 1% em 2009, estima o SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo) segundo dados divulgados nesta quarta-feira.
Ana Maria Castelo, economista da FGV Projetos, explica que há uma diferença entre o cálculo do PIB feito pela entidade e aquele contabilizado pelo IBGE, que considera principalmente a produção de material de construção. Normalmente, afirma, os números são semelhantes, mas, neste ano, houve "um descolamento" devido a vários fatores, entre eles os estoques feitos pela indústria e pelo comércio nos momentos mais críticos da crise. Considerando a metodologia do IBGE, o setor deve ter uma queda de 6% em 2009 no confronto com o ano anterior.
Os setores que receberão mais recursos no próximo ano, de acordo com a entidade, serão o imobiliário residencial e o energético. Os investimentos imobiliários deverão passar de R$ 170 bilhões neste ano para R$ 202 bilhões em 2010.
Com isso, a expectativa é que as vagas com carteira assinada no setor tenham um aumento de 8%, atingindo 2,4 milhões de empregos formais no próximo ano --180 mil postos a mais do que em 2009.
Nos nove primeiros meses deste ano, houve um crescimento de 7,3% no comparativo com o mesmo período de 2008, chegando a 2,297 milhões de trabalhadores com carteira assinada na construção civil no fim de setembro.
O SindusCon-SP também divulgou uma pesquisa feita pela FGV (Fundação Getulio Vargas) que aponta uma redução de 3,3% no deficit habitacional no país, conforme adiantado pela Folha, para 5,572 milhões de moradias. Desse total, 80% está concentrada nas famílias com renda mensal de até três salários mínimos.
Essa faixa da população é o foco de 40% do total de um milhão de imóveis que devem ser construídos dentro das regras do programa federal Minha Casa, Minha Vida, um dos responsáveis pela perspectiva de crescimento do setor em quase dois dígitos no próximo ano. No entanto, para o presidente da entidade, Sergio Watanabe, "infelizmente essa contratação não vai atacar o deficit habitacional nas capitais, onde se encontra a maior parte [dele]".
Eduardo Zaidan, economista do sindicato, destaca a importância da aprovação da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 285, que tramita no Congresso, para diminuir a necessidade de construção de moradias nesse segmento. "Sem uma política pública perene, não se consegue avançar nessa questão", completou.

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